Brian De Palma



Brian De Palma
11 de setembro de 1940, Newark, New Jersey, EUA

Brian De Palma arrives for the premiere of the film 'Passion' at the 69th edition of the Venice Film Festival in Venice, Italy, Friday, Sept. 7, 2012. (AP Photo/Andrew Medichini)

Brian De Palma arrives for the premiere of the film ‘Passion’ at the 69th edition of the Venice Film Festival in Venice, Italy, Friday, Sept. 7, 2012. (AP Photo/Andrew Medichini)

Controverso? Versátil? Prolífico? Irregular? Genial? Quantos adjetivos podem ser usados para tentar definir esse grande diretor americano?
Aproveitando o lançamento do documentário De Palma, de Noah Baumbach e Jake Paltrow, listamos os longas de ficção dirigidos por Brian De Palma ao longo de quase sessenta anos de carreira (seu primeiro curta é de 1960!). Do pouco conhecido Murder à la mod, de 1968, a Paixão, de 2012, são 29 títulos. O mais recente – Lights out – está em pré-produção e ainda não há qualquer imagem do filme. Sabe-se apenas que é um thriller passado na China e envolve uma garota cega, suspense, segredos e assassinatos.
De Palma já passou por momentos muito diferentes em sua carreira: começou com produções experimentais, foi convidado a trabalhar em Hollywood e conquistou alguns sucessos marcantes, mas também acumulou fracassos que colocaram a sua carreira em risco. Grande fã de Alfred Hitchcock, homenageou o diretor britânico em várias de suas obras, mas também rendeu tributo a Antonioni: a união de Um corpo que cai com Blow-up resultou no extraordinário Blow-out (Um tiro na noite), para muitos seu melhor filme. E também citou o russo Eisenstein e sua famosa cena da escadaria em Os intocáveis.
Foi indicado cinco vezes ao prêmio Framboesa de Ouro como pior diretor, a maior parte delas por obras hoje consideradas cults, como Vestida para matar, Scarface e Dublê de corpo, o que só comprova o quanto seus filmes foram pouco compreendidos na época em que foram realizados. Por outro lado venceu duas vezes o Festival do Filme Fantástico de Avoriaz, com O fantasma do paraíso e Carrie, e foi premiado em Berlim por Greetings e em Veneza por Redacted (Guerra sem cortes).
Se é fato que realizou alguns filmes ruins, também é certo que dirigiu grandes obras e construiu sequências inesquecíveis, com marcantes câmeras lentas, belíssimos travellings de 360º e sustos incríveis.

MURDER À LA MOD

Murder à la mod, EUA, 1968, 80’
Com Andra Akers, William Finley, Margo Norton

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Karen quer ajudar seu namorado Christopher, um cineasta amador, a levantar dinheiro suficiente para que ele possa se divorciar de sua esposa. Enquanto isso, o alegre brincalhão psicopata Otto anda pelo prédio onde Christopher está filmando um filme pornográfico. Lançado apenas em um cinema de Nova York, o filme introduz os temas e as obsessões que estarão presentes nas grandes obras de De Palma, como a relação entre cinema e morte e a influência de Alfred Hitchcock. A ideia do diretor era filmar um mesmo assassinato a partir de três pontos de vistas diferentes, criando narrativas que se relacionam com a vida dos três protagonistas. O psicopata Otto é interpretado por William Finley, que mais tarde encarnaria o inesquecível protagonista de O fantasma do paraíso. Considerado perdido por muito tempo, o filme foi relançado pela primeira vez em 2007 pela distribuidora Something Weird. (Fonte: Sala P.F. Gastal)

QUEM ANDA CANTANDO NOSSAS MULHERES

Greetings, EUA, 1968, 88’
Co-direção de Wilford Leach e Cynthia Munroe
Com Jonathan Warden, Robert De Niro, Gerrit Graham

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Uma comédia sobre três amigos: Paul, um tímido em busca do amor; Lloyd, um louco aficionado por conspirações; e Jon, um aspirante a cineasta e voyeur. Um irônico retrato da contracultura na época da Guerra do Vietnã e da propagação do amor livre. Segundo Thiago Rabelo (Revista Moviement), o filme já traz muitas referências cinematográficas: “Confirmando a cinefilia que já dava sinais de vida em Murder à la Mod, De Palma, dessa vez, mergulha nos ensinamentos fotográficos de Antonioni e seu aclamado Blow-Up. Além disso, há pitadas hitchcockianas com claras alusões a Janela Indiscreta e, ainda, um quê de Godard tanto na inspiração motivada por Masculino feminino quanto nos pêndulos visuais criados a partir de panorâmicas, marca registrada do diretor francês.”. Urso de Prata no Festival de Berlim 1969.

FESTA DE CASAMENTO

The wedding party, EUA, 1969, 92’
Com Jennifer Salt, Jill Clayburgh, William Finley, Robert De Niro

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Charlie é um noivo ansioso, mas logo descobre que o tão esperado casamento promete ser bem diferente do que ele tinha em mente. Responsabilidades que não estava contando, uma horda de parentes… Será que ainda dá tempo para fugir? Enquanto isso, os preparativos pré-nupciais continuam implacavelmente. Há informações de que as filmagens aconteceram em 1963, e que o filme praticamente não chegou a ter distribuição comercial. Apesar de ter recebido duras críticas, há quem veja interesse no fato do filme ser inspirado nas comédias pastelão do cinema mudo.

DIONYSUS IN ´69

Dionysus in ’69, EUA, 1970, 85’
Codireção de Richard Schechner
Com Remi Barclay, Samuel Blazer, Jason Bosseau

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Peça filmada por Brian De Palma, baseada na clássica tragédia grega As Bacantes de Eurípides. O espetáculo é realizado por membros do The Performance Group – um grupo de teatro experimental de Nova York – que fizeram sua própria interpretação do texto.

OLÁ, MAMÃE

Hi, mom!, EUA, 1970, 87’
Com Robert De Niro, Allen Garfield, Lara Parker

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O filme reedita a parceira entre Brian de Palma e Robert de Niro, e é uma continuação de Greetings, de 68. Após voltar da Guerra do Vietnã, o jovem Jon Rubin resolve ganhar a vida vendendo filmes pornográficos de mulheres que ele espia de seu apartamento. Em suas andanças pelas ruas de Nova York, ele encontra uma trupe de atores negros e se envolve com a militância do grupo. Imersa na contracultura nova-iorquina, essa sátira de humor negro é um dos filmes mais radicais de Brian De Palma.

O HOMEM DE DUAS VIDAS

Get to know your rabbit, EUA, 1972, 91’
Com Tom Smothers, John Astin, Susanne Zenor, Orson Welles

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Jovem negociante procura um mágico experiente com a ideia de aprender certas habilidades para usá-las contra seus cínicos e mesquinhos patrões. Tendo como maior curiosidade a participação de Orson Welles como o mágico, o filme foi realizado com a intenção de alavancar a carreira de De Palma. Mas o estúdio impediu o diretor de terminar o filme e montou o material filmado sem a participação dele.

IRMÃS DIABÓLICAS

Sisters, EUA, 1972, 93’
Com Margot Kidder, Jennifer Salt, Charles Durning

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Irmãs siamesas, criadas por freiras num orfanato, são separadas depois de vários anos vivendo literalmente unidas. Mas a separação causa um transtorno irreparável e as irmãs passam a rivalizar uma com a outra. É nesse cenário que surge um assassinato, e uma das gêmeas está diretamente ligada ao crime. Primeira obra explicitamente hitchcockiana do diretor (inclusive a trilha sonora é de Bernard Herrmann), Irmãs diabólicas usa o tema do duplo para falar de personalidades fragmentadas e De Palma leva esta questão ao extremo ao dividir a tela.

O FANTASMA DO PARAÍSO

Phantom of the Paradise, EUA, 1974, 92’
Com Paul Williams, William Finley, Jessica Harper

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Swan é um famoso produtor de discos, que rouba de Winslow Leach, um desconhecido compositor, uma cantata que retrata a trajetória de Fausto, o lendário mago que vendeu sua alma ao diabo. Winslow tenta protestar, mas acaba sendo incriminado por Swan e é condenado à prisão perpétua como traficante. Enquanto Swan planeja usar a música roubada para inaugurar o Paraíso, uma nova casa de espetáculos. Winslow consegue fugir da prisão, sofre um terrível acidente em uma prensa de disco, que deixa seu rosto desfigurado, e acaba caindo em um rio, sendo dado como morto. Porém alguns acidentes começam a acontecer quando Swan está prestes a inaugurar o Paraíso. Repleto de referências – de Fausto e O fantasma da ópera a O retrato de Dorian Gray e A marca da maldade, o filme recebeu o Grande Prêmio no Festival do Filme Fantástico de Avoriaz em 1975.

TRÁGICA OBSESSÃO

Obsession, EUA, 1976, 98’
Com Cliff Robertson, Geneviève Bujold, John Lithgow

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Michael, um empresário bem sucedido de Nova Orleans, tem sua vida destruída quando a filha e a esposa são sequestradas e morrem num acidente no dia do seu décimo aniversário de casamento. Dezoito anos depois, em uma viagem à Itália, ele conhece Sandra, uma jovem extremamente parecida com sua falecida esposa. Não demora muito para que Michael se apaixone por ela e a peça em casamento. Porém o empresário se depara com revelações e reviravoltas que mudam os seus planos. Elogiadíssimo pela crítica mas pouco visto em seu lançamento, Trágica obsessão é a primeira obra de De Palma inspirada em Um corpo que cai. Com roteiro de Paul Schrader, é um filme clássico, e para a elegância narrativa que se vê na tela muito contribuíram a fotografia de Vilmos Zsigmond e a trilha de Bernard Herrmann.

CARRIE, A ESTRANHA

Carrie, EUA, 1976, 98’
Com Sissy Spacek, Piper Laurie, Amy Irving

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Carry White é uma jovem extremamente tímida e que não faz amigos; ela vive em quase total isolamento com sua mãe, uma fanática religiosa que se torna cada vez mais ensandecida. Carrie sofre bullying, fica assustada com seus poderes de mover objetos, mas sonha em ser uma adolescente normal. Depois de um incidente na escola, Sue, uma de suas colegas, decide ajuda-la e pede a Tommy, seu namorado, que convide Carrie para um baile. Mas Chris, uma aluna que foi proibida de ir à festa, prepara uma terrível armadilha para Carrie, sem imaginar as terríveis consequências de seus atos. Grande sucesso de público e crítica, o filme é baseado no primeiro romance escrito pelo lendário Stephen King, teve indicações ao Oscar (atriz e atriz coadjuvante) e recebeu o Grande Prêmio no Festival do Filme Fantástico de Avoriaz em 1977.

A FÚRIA

The Fury, EUA, 1978, 118’
Com Kirk Douglas, John Cassavetes, Amy Irving, Carrie Snodgress

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Peter Sandza é um agente secreto do governo americano, alocado no Oriente Médio, que, prestes a retornar aos Estados Unidos, é surpreendido pelo sequestro de seu filho paranormal. Decidido a reencontrar o filho, Sandza descobre um programa secreto que tem como objetivo utilizar paranormais em guerras, submetendo-os a pesados treinamentos. Em paralelo, a jovem Gilliam precisa aprender a lidar com seus poderes especiais e acaba sendo atraída pelo programa. O filme mistura ação, comédia, suspense e terror e antecipa elementos que seriam vistos muito tempo depois na franquia X-Men.

TERAPIA DE DOIDOS

Home movies, EUA, 1979, 90’
Com Nancy Allen, Mary Davenport, Kirk Douglas, Keith Gordon

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Resultado de uma colaboração com seus alunos no Sarah Lawrence College, o filme se mostra como o projeto mais autobiográfico do cineasta. Nele, acompanhamos o cotidiano de um jovem com uma família problemática que é incentivado por um instrutor carismático a filmar a história de sua vida. É um projeto de volta à descontração de seus primeiros filmes, embora o resultado tenha ficado aquém dos trabalhos anteriores de De Palma.

VESTIDA PARA MATAR

Dressed to kill, EUA, 1980, 105’
Com Michael Caine, Angie Dickinson, Nancy Allen

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Uma dona de casa sexualmente frustrada e cheia de fantasias, desabafos na sessão com o psiquiatra, uma visita ao museu com direito a um dos mais excitantes flertes já vistos, sexo casual, um brutal assassinato, uma testemunha que passa a ser suspeita e, ao mesmo tempo, pode ser a próxima vítima: sequências de uma trama surpreendente, narradas com maestria e requinte visual. Subestimado na época de seu lançamento, Vestida para matar se transformou num dos mais cultuados filmes de De Palma. Como em tantas outras obras, o cineasta contou com grandes colaboradores, como o montador Gerald B. Greenberg (ganhador do Oscar por Operação França) e o compositor italiano Pino Donaggio, um parceiro habitual e que aqui realiza um de seus melhores trabalhos.

UM TIRO NA NOITE

Blow out, EUA, 1981, 107’
Com John Travolta, Nancy Allen, John Lithgow

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Brian De Palma atinge o máximo da sofisticação e da poesia nesta que é considerada por muitos sua maior obra. Na trama, Jack é um sonoplasta que trabalha num filme B. Ao tentar à noite conseguir novos sons, grava por acaso um estouro de pneu, que resulta num acidente e na morte do governador McRyan, líder nas pesquisas para a presidência dos EUA. Jack salva Sally, retirando-a do carro antes que este afunde na água. Se em Blow-up o fotógrafo Thomas descobria um assassinato através da ampliação de suas fotos, aqui Jack percebe nos sons gravados que o estouro foi precedido por um tiro. A revelação de que o acidente também foi filmado leva Jack a tentar unir som e imagem para provar sua teoria. Um trauma do passado e sua repetição remetem diretamente a Um corpo que cai. A construção dos personagens Jack e Sally, as conotações políticas e a brilhante utilização dos recursos técnicos e narrativos são os grandes trunfos de Um tiro na noite, mais um filme do diretor subestimado na ocasião de seu lançamento e ignorado em premiações (apenas a fotografia do genial Vilmos Zsigmond foi lembrada pela National Society of Film Critics, ficando em segundo lugar em 1982).

SCARFACE

Scarface, EUA, 1983, 170’
Com Al Pacino, Michelle Pfeiffer, Steven Bauer, Mary Elizabeth Mastrantonio e F. Murray Abraham

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Nos anos 80, em meio a centenas de imigrantes cubanos que aportam na costa da Flórida, Tony Montana chega aos EUA disposto a conquistar o mundo do tráfico. Ambicioso, sem escrúpulos e dono de um temperamento explosivo, ele percebe que pode conquistar tudo o que quer, mesmo que seu caminho se transforme em um rastro de sangue e morte. O cineasta Oliver Stone assina o roteiro do filme, inspirado no longa Scarface, a vergonha de uma nação, de 1932, da clássica história do homem estrangeiro que tenta subir na vida através de uma forma distorcida do sonho americano.

DUBLÊ DE CORPO

Body double, EUA, 1984, 114’
Com Craig Wasson, Melanie Griffith, Gregg Henry

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Após flagrar a namorada com outro homem, o ator Jake Scully precisa encontrar um novo lugar para morar. Ele acaba recebendo uma proposta irrecusável: ficar no belo apartamento de um amigo. O detalhe é que, numa janela em frente, todas as noites uma mulher faz um sensual striptease. Jake fica cada vez mais obcecado pela misteriosa vizinha e começa a investigar a sua vida, se envolvendo em uma trama perigosa. Este filme é considerado sua definitiva homenagem a Hitchcock, uma vez que referencia duas de suas maiores obras-primas: Um corpo que cai e Janela indiscreta.

QUEM TUDO QUER, TUDO PERDE

Wise guys, EUA, 1986, 100’
Com Danny DeVito, Joe Piscopo, Harvey Keitel

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Harry e Moe formam uma dupla atrapalhada que trabalha para um mafioso. Quando eles perdem uma grande quantia em dinheiro, recebem uma última chance de se redimirem: a missão de assassinar um ao outro. Os protagonistas têm uma boa química na tela e Wise guys é uma paródia dos filmes de gangster dos anos 70, remetendo às raízes cômicas de De Palma.

OS INTOCÁVEIS

The untouchables, EUA, 1987, 119’
Com Kevin Costner, Sean Connery, Robert De Niro, Andy Garcia

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Na Chicago dos anos 30, o jovem agente federal Eliot Ness tenta acabar com o reinado de terror e corrupção instaurado pelo gângster Al Capone, que domina o tráfico ilegal de bebidas durante a época da Lei Seca. Para isso, ele recruta um pequeno time de homens corajosos e incorruptíveis. O filme é repleto de sequências emblemáticas, e traz o também diretor David Mamet como roteirista e o mestre Ennio Morricone como compositor da trilha sonora. O time de atores é um espetáculo à parte, com destaque para De Niro e Sean Connery (vencedor do Oscar e Globo de Ouro de Melhor Ator Coadjuvante), neste filme que é considerado um projeto mais “comercial” do diretor, chamado pelo próprio de um “grande filme de estúdio”.

PECADOS DA GUERRA

Casualties of War, EUA, 1989, 113’/119’
Com Michael J. Fox, Sean Penn, Don Harvey

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Durante a Guerra do Vietnã, após devastarem um vilarejo, dois superiores de um grupo de soldados norte-americanos decidem levar uma das garotas locais como prisioneira para servir de escrava sexual aos soldados. Indignado com a situação, um deles tenta de tudo para impedir a situação. O filme é baseado em uma notícia de jornal publicada no final dos anos 1960 a partir de um episódio verídico registrado pelo Exército Militar dos Estados Unidos e que acabou indo parar nos tribunais. Lançado após dois grandes sucessos que também retratavam a guerra do Vietnã – Platoon, de Oliver Stone, e Nascido para matar, de Stanley Kubrick – o filme acabou sendo negligenciado por crítica e público, apesar de se tratar de uma forte denúncia e manifesto pacifista que retrata a luta por justiça no meio do caos da guerra.

A FOGUEIRA DAS VAIDADES

The bonfire of the vanities, EUA, 1990, 125’
Com Tom Hanks, Bruce Willis, Melanie Griffith

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O filme é uma sátira sobre o poder dos ricos e políticos, e como esse poder é utilizado para abafar os podres em suas vidas pessoais. Um rico corretor de Wall Street tem a sua vida virada do avesso quando ele e sua amante atropelam uma pessoa no bairro do Bronx. A partir daí, ele tem sua vaidade e pretensão lançadas na fogueira, quando várias pessoas veem em sua tragédia pessoal uma oportunidade de ascensão. Adaptação de um livro de Tom Wolfe, o filme é dirigido com menos personalidade por De Palma e considerado uma de suas obras mais fracas.

SÍNDROME DE CAIM

Raising Cain, EUA, 1992, 91’
Com John Lithgow, Lolita Davidovich, Steven Bauer

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Carter é um brilhante psicólogo infantil aparentemente pacato. Um pai carinhoso para sua filha e ótimo marido. No entanto, sua esposa suspeita que ele esteja usando a menina como um objeto de estudo, assim como ele foi usado, quando menor, por seu pai. Além disso, ela passa a acreditar que ele esteja envolvido com vários desaparecimentos de crianças pelas redondezas. Segundo o crítico Hal Hinson, do Washington Post, alguns elementos típicos do diretor estão lá – sua obsessão com Hitchcock (neste caso, Psicose), com irmãos gêmeos, com a perda da inocência. E pode-se enxergar uma tentativa de tocar num tema extremamente delicado – o abuso infantil. Mas, no fim, o filme não passa de uma brincadeira assustadora.

O PAGAMENTO FINAL

Carlito’s way, EUA, 1993, 144’
Com Al Pacino, Sean Penn, Penelope Ann Miller

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O traficante Carlito é um típico anti-herói que, após ser condenado a trinta anos de cadeia, consegue sair da prisão graças a seu advogado. De volta às ruas, ele tenta manter-se afastado das drogas e da violência. Mas seu sonho de levar uma vida melhor não parece oferecer chances ou possibilidades reais de redenção. Uma década depois de Scarface, De Palma e Pacino voltam a trabalhar juntos, mas, nesse caso, o filme não foi bem recebido pela crítica, que chegou a ridicularizar o sotaque de Pacino como um porto-riquenho. Os elogios do filme são, em grande parte, para Sean Penn como o irreconhecível advogado de Carlito.

MISSÃO: IMPOSSÍVEL

Mission: impossible, EUA, 1996, 110’
Com Tom Cruise, Jon Voight, Emmanuelle Béart

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Durante uma missão em Praga, um grupo de agentes especiais cai em uma emboscada onde apenas o americano Ethan Hunt e outra agente sobrevivem. Tomado como informante, ele foge e forma uma nova equipe para tentar provar sua inocência e descobrir quem é o verdadeiro espião que traiu a missão. Tom Cruise, que também produziu o filme, escolheu Brian de Palma para dirigi-lo. Baseado na série de TV homônima do final da década de 60, este foi o primeiro de uma franquia de sucesso mundial.

OLHOS DE SERPENTE

Snake Eyes, EUA/Canadá, 1998, 98’
Com Nicolas Cage, Gary Sinise, John Heard

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Um policial de Atlantic City acaba sendo testemunha de um assassinato que ocorre em uma arena cheia de espectadores durante um importante campeonato de boxe. Determinado a solucionar o crime, ele dá início a uma intensa investigação que traz à tona uma rede de intrigas e conspirações. O roteiro é assinado por David Koepp (também colaborador dos dois filmes anteriores de De Palma), e a primeira sequencia do filme é considerada grandiosa, com seu movimento de câmera ininterrupto e perfeitamente coordenado.

MISSÃO: MARTE

Mission to Mars, EUA, 2000, 114’
Com Tim Robbins, Gary Sinise, Don Cheadle

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A primeira missão tripulada para Marte faz estudos científicos no planeta. Quando ocorre um catastrófico e misterioso desastre, uma missão de salvamento é enviada para investigar a tragédia e trazer de volta possíveis sobreviventes. No caminho, eles enfrentam diversos contratempos em busca da solução desse grande mistério. Apesar do excelente trabalho técnico, segundo o site Plano Crítico, “o roteiro da obra foi construído tomando como base as fotografias tiradas pelo orbitador e aterrissador Viking 1, lançado pela NASA em 1975. (…) Brian De Palma arriscou bastante ao assumir a direção depois que Gore Verbinski foi afastado, por problemas de orçamento.”

FEMME FATALE

Femme fatale, França/Suíça, 2002, 114’
Com Rebecca Romijn, Antonio Banderas, Peter Coyote

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Após um roubo, uma linda mulher engana seus parceiros e foge com diamantes. Ela muda de nome, se casa com um diplomata americano e passa a morar na França. Anos mais tarde, os fantasmas de seu passado voltam a atormentá-la quando um fotógrafo tira uma foto sua. Repleto de pistas que o cineasta deixa para o público ao longo do filme, tudo é armado para enganar os olhos do espectador: em algumas cenas, a tela é dividida ao meio; em outras, a mesma ação é vista sob duas óticas diferentes.

DÁLIA NEGRA

The Black Dahlia, Alemanha/EUA/França, 2006, 121’
Com Josh Hartnett, Aaron Eckhart, Scarlett Johansson, Hilary Swank

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Dois detetives são encarregados da investigação do brutal assassinato da aspirante a estrela Elizabeth Short – um violento crime que chocou e fascinou os Estados Unidos em 1947, um caso que permanece até hoje sem solução. Os detetives desenvolvem uma obsessão pelo crime, o que acaba levando-os a um mundo perigoso de corrupção e intrigas. Baseado no best-seller homônimo de James Ellroy, o filme é uma homenagem do diretor ao film noir. Pena que não funciona e é um dos piores filmes de De Palma: uma trama baseada na semelhança física entre a lindíssima Mia Kirshner e Hilary Swank jamais daria certo.

GUERRA SEM CORTES

Redacted, EUA/Canadá, 2007, 90’
Com Izzy Diaz, Rob Devaney, Ty Jones

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Misturando documentário e ficção, o filme mostra diversas histórias sobre um pequeno grupo de soldados norte-americanos em combate no Iraque, mostrando como cada um dos lados é afetado pelo conflito. Ruy Gardnier, em um trecho de sua crítica para a Contracampo, analisa o uso das imagens em Redacted: “Ao longo do filme, vão se adicionando outros tipos de registros de imagens: câmeras de segurança, dispositivos como youtube, câmeras de registro de reuniões ou interrogatórios. E a variação entre o que cada uma mostra, como elas parecem mais separar interpretações do que construir discursos integrados numa verdade (De Palma não é Michael Moore) só conduz a um testemunho tão preciso quanto sombrio: as imagens, os discursos frequentemente dão conta de percepções locais, o quadro da câmera, o enquadramento, o recorte do real mais escondem do que revelam, mais obscurecem do que esclarecem. Mais do que a denúncia de um crime abjeto perpetrado por soldados americanos, Guerra Sem Cortes é um estudo sobre a estupidez humana em seus diferentes níveis.” Leão de Prata de Melhor Diretor no Festival de Veneza 2007.

PAIXÃO

Passion, França/Alemanha, 2012, 102’
Com Rachel McAdams, Noomi Rapace, Karoline Herfurth

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O escritório de uma proeminente corporação multinacional serve como ambientação para uma disputa de poder entre duas mulheres. Isabelle tem uma admiração sem limites por sua superior direta, Christine, uma mulher bastante experiente nos jogos do poder. Christine leva Isabelle a mergulhar fundo em um jogo de sedução e manipulação, de dominação e servidão. O filme é um remake do francês Crime d’amour (2010), de Alain Corneau, e teve péssima recepção no Festival de Veneza. Se por um lado há críticos que destruíram o filme, existem outros que veem coerência nesta sequência de obras mais espaçadas desse período que se inicia com Missão Marte e culmina com Paixão. Como tantas obras do cineasta foram duramente criticadas em seu lançamento e incensadas depois, só o tempo poderá mostrar quem estava certo em relação a Paixão.

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