O terror no Cinema

Sob vaias dos puristas e aplausos de quem vive procurando motivo para festejar, o Halloween tem se tornado cada vez mais presente nos corações e mentes dos brasileiros. Também conhecida como Dia das Bruxas, a data é comemorada no dia 31 de outubro e mistura elementos de Carnaval e Cosme e Damião com um recheio de terror: pelas cidades americanas, crianças pedem doces de porta em porta vestidas de bruxas, vampiros, fantasmas e monstros. Hoje em dia, o feriado também abre espaço para outros tipos de fantasias, como as de personagens de filmes e desenhos animados, mas o macabro e o sobrenatural são os verdadeiros temperos do Halloween, que, no Brasil, já serve de tema para comemorações de aniversário, festinhas de escola, eventos em casas noturnas e, é claro, especiais televisivos que reúnem seriados e filmes de gelar a alma. No clima de Dia das Bruxas, reunimos abaixo alguns dos mais assustadores e importantes filmes de terror da história do Cinema.

Gabinete do doutor Caligari

O GABINETE DO DR. CALIGARI

Das cabinet des Dr. Caligari, Alemanha, 1920
De Robert Wiene
Com Werner Krauss, Conrad Veidt, Friedrich Feher

Considerado um dos pioneiros do gênero e importantíssimo não apenas para o movimento expressionista, mas também para a história do Cinema, “O gabinete do Dr. Caligari” é um filme único. Wiene compensou os poucos recursos financeiros com imensa ousadia artística: cenários distorcidos, inusitados ângulos de câmera, jogos de luz e sombra, gestos exagerados e maquiagem carregada, tudo para refletir as ambiguidades da trama e dos personagens. Para além de um roteiro envolvendo sonambulismo, premonições, crimes e loucura, o filme fala de ilusão e realidade e ainda marca por um final surpreendente.

Nosferatu

NOSFERATU

Nosferatu, eine symphonie des grauens, Alemanha, 1922
De F.W. Murnau
Com Max Schrek, Greta Schröder, Ruth Landshoff

Uma das principais obras do Expressionismo Alemão, “Nosferatu” tira sua inspiração do clássico “Drácula”, de Bram Stoker. Porém, devido a problemas com os direitos autorais, alguns elementos tiveram de ser alterados: o termo nosferatu tomou o lugar de vampiro e Conde Orlok passou a ser o nome da criatura que aterroriza um povoado na Transilvânia. A versão de Murnau para a história ganhou uma belíssima refilmagem em 1979 pelas mãos de Werner Herzog. Resolvidos os problemas que afligiram a produção em 1922, o vampiro voltou a se chamar Drácula e foi interpretado por Klaus Kinski, o ator preferido de Herzog. O filme também inspirou a produção “A sombra do vampiro”, de 2000, que coloca Murnau e sua equipe às voltas com um vampiro real. Já o filme de 1922 caiu em domínio público em diversos países, inclusive o Brasil, e pode ser assistido no YouTube.

Casa dos maus espiritos

A CASA DOS MAUS ESPÍRITOS

House on Haunted Hill, EUA, 1959
De William Castle
Com Vincent Price, Carol Ohmart, Richard Long

Frederick Loren é um excêntrico milionário, cujas três primeiras mulheres morreram de forma suspeita. Ele é dono de uma sinistra mansão e convida cinco pessoas para uma festa inusitada: cada um dos seus convidados recebe um pequeno caixão, contendo uma arma. A eletricidade é cortada e todas as portas são trancadas à meia-noite, Ele então começa a acionar diversos dispositivos, para amedrontar seus convidados e fazê-los usar suas armas. Quem sobreviver até a manhã seguinte recebe dez mil dólares (que era bastante dinheiro na época). “A casa da colina”, remake realizado em 99 com muito mais recursos, é, como sempre, considerado bem inferior ao original, mas o prêmio é condizente com o porte da produção: um milhão de dólares!

Olhos sem rosto

OS OLHOS SEM ROSTO

Les yeux sans visage, França/Itália, 1960
De Georges Franju
Com Pierre Brasseur, Alida Valli, Edith Scob

Com a ajuda de sua assistente Louise, o Dr. Génessier tenta achar uma forma de ajudar sua filha Christiane, que teve o rosto inteiramente desfigurado em um acidente de carro. Mas os métodos de Génessier passam longe da ética médica: o cirurgião sequestra jovens mulheres com feições semelhantes às de Christiane na tentativa de realizar um bem-sucedido transplante de face. Assim como “A tortura do medo”, “Os olhos sem rosto” foi duramente criticado em seu tempo, mas ganhou reputação de clássico com o passar dos anos.

Tortura do medo

A TORTURA DO MEDO

Peeping Tom, Reino Unido, 1960
De Michael Powell
Com Karlheinz Bohm, Moira Shearer, Anna Massey

Estranho e reservado, aspirante a cineasta Mark Lewis começa um relacionamento com sua vizinha Helen. Porém, o que Helen não sabe é que Mark é um assassino de mulheres que usa uma câmera de mão para gravar as expressões de horror de suas vítimas. Criticado na época de seu lançamento pelo tema controverso e as cenas excessivamente explícitas para o público do começo dos anos 60, o filme ganhou uma legião de fãs com o tempo e, hoje em dia, é considerado um clássico do cinema.

Inocentes

OS INOCENTES

The innocents, EUA/Reino Unido, 1961
De Jack Clayton
Com Deborah Kerr, Michael Redgrave, Pamela Franklin
Baseado no romance “A volta do parafuso”, de Henry James, e na peça “Os inocentes”, de William Archibald, também adaptada do romance

• Edgar Allan Poe Awards 62 – Melhor Roteiro (Truman Capote e William Archibald)

Substituindo sangue e choques convencionais por uma requintada fotografia, música e ótimo elenco, Clayton obteve exatamente o que queria: distinguir seu filme das conhecidas produções de horror da Hammer. Um dos melhores exemplos do subgênero hell house, o filme se passa no século XIX, numa mansão rural, onde a Senhora Giddens consegue um emprego de governanta e tem como principal missão cuidar de um casal de órfãos. Quando ela começa a ter visões de antigos empregados mortos, percebe que as crianças correm perigo e que precisa protegê-las. A extraordinária atuação de Deborah Kerr, a brilhante direção de Clayton e a mistura de terror psicológico, história de fantasmas e simbolismos freudianos fizeram deste um dos maiores clássicos do gênero em todos os tempos.

DESAFIO DO ALeM

DESAFIO DO ALÉM (A CASA MALDITA)

The haunting, Reino Unido/EUA, 1963
De Robert Wise
Com Julie Harris, Claire Bloom, Richard Johnson
Baseado em romance de Shirley Jackson

Ao lado da vidente Theodora e de Eleanor, uma jovem com poderes psíquicos, o Dr. Markaway investiga os fenômenos sobrenaturais que cercam uma mansão vitoriana na Nova Inglaterra. Os detetives são acompanhados por Luke Sanderson, o herdeiro da propriedade, que é cético em relação às histórias sobre a casa. Ao longo das noites que passam dentro da mansão, o grupo é ameaçado pelos espíritos que habitam o lugar e que têm uma clara preferência por Eleanor. Figurinha fácil em listas dos filmes mais horripilantes de todos os tempos, “Desafio do além” (ou “A casa maldita”, dependendo da versão) ganhou um remake em 1999, batizado de “A casa amaldiçoada”. Com um elenco estelar que contava com nomes como Liam Neesom e Catherine Zeta-Jones, o filme foi um fracasso de público e crítica.

a meia-noite levarei sua alma

À MEIA-NOITE LEVAREI SUA ALMA

Brasil, 1964
De José Mojica Marins
Com José Mojica Marins, Magda Mei, Nivaldo Lima

O cruel e sádico coveiro Zé do Caixão – temido e odiado pelos moradores de uma cidadezinha do interior – é obcecado em gerar o filho perfeito, que possa garantir a continuidade de seu sangue. Sua esposa não pode engravidar e ele acredita que a namorada de seu amigo seja a mulher ideal que procura. Após ser violentada por Zé, a moça jura cometer suicídio para retornar dos mortos e levar a alma daquele que a desgraçou. Inspirado num pesadelo do próprio Mojica, o personagem Zé do Caixão é um desses casos em criador se confunde com criatura. Marcante na cinematografia brasileira, cultuado nos EUA, ao todo Zé do Caixão aparece em dezesseis filmes.

Bebe de Rosemary

O BEBÊ DE ROSEMARY

Rosemary’s baby, EUA, 1968
De Roman Polanski
Com Mia Farrow, John Cassavetes, Ruth Gordon
Baseado no romance homônimo de Ira Levin

• Oscar 69 – Melhor Atriz Coadjuvante (Ruth Gordon)
• Globo de Ouro 69 – Melhor Atriz Coadjuvante (Ruth Gordon)

Rosemary e seu marido mudam-se para um apartamento num antigo prédio em Nova York e logo conhecem um casal de idosos que mora ao lado. Eles são gentis, porém invasivos e estranhos, e Rosemary fica bastante incomodada com o comportamento dos vizinhos. Seu marido parece não compartilhar de suas preocupações e o clima de pesadelo só aumenta com sua gravidez e o desejo de proteger seu filho a qualquer custo. Dúvida, medo do desconhecido, fragilidade e paranoia são elementos brilhantemente manipulados por Polanski, resultando em crescente suspense e terror psicológico.

Casa da noite eterna

A CASA DA NOITE ETERNA

The legend of hell house, Reino Unido, 1973
De John Hough
Com Roddy McDowall, Gayle Hunnicutt, Pamela Franklin
Baseado no romance “The hell house” (“A casa infernal”), de Richard Matheson

Uma equipe de pesquisadores deve passar alguns dias isolada num antigo casarão, a Mansão Belasco, com um passado de orgias e mortes e fama de mal-assombrada. O psiquiatra Lionel Barrett e sua esposa Ann, Florence Tanner, uma jovem com poderes psíquicos, e o único sobrevivente de uma reunião anterior, o médium Benjamin Franklin Fischer, devem investigar os estranhos fenômenos que ocorrem na casa e desvendar o desaparecimento do antigo dono. O embate entre ciência e fé, um excelente roteiro, uma competente direção e atuações convincentes, fizeram deste um clássico do terror. Uma curiosidade: a escolha de Pamela Franklin para viver Florence não deve ter sido casual, já que ela é a menina da mansão assombrada de “Os inocentes”, outro clássico do subgênero hell house.

Exorcista

O EXORCISTA

The exorcist, EUA, 1973
De William Friedkin
Com Linda Blair, Ellen Burstyn, Max von Sydow
Baseado no romance homônimo de William Peter Blatty

• Oscar 74 – Melhor Roteiro Adaptado e Som
• Globo de Ouro 74 – Melhor Filme – Drama, Roteiro e Diretor
• Academia de Filmes de Ficção-Científica, Fantasia e Horror 74 – Melhor Filme de Horror, Roteiro, Maquiagem e Efeitos Especiais

Uma expedição de arqueólogos no Oriente Médio liberta um antigo demônio em suas escavações. Pouco depois, a jovem Regan, de apenas 12 anos, começa a apresentar um comportamento estranho e sua mãe acredita que ela está possuída. Formado em medicina e especializado em psiquiatria, o padre Damian Karras atende aos apelos da mãe de Regan para realizar um exorcismo ao lado do experiente padre Merrin. O filme é um clássico do horror e ganhou diversas sequências, além de inspirar produções genéricas que tentaram, muitas vezes sem sucesso, capitalizar em cima do sucesso do original.

Massacre da serra eletrica

O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA

The Texas chainsaw massacre, EUA, 1974
De Tobe Hooper
Com Marilyn Burns, Gunnar Hansen, Edwin Neal, Allen Danziger

Vendido como a adaptação para os cinemas de um caso real e livremente baseado nos crimes do serial killer Ed Gein, o filme conta a história de um grupo de jovens capturados por uma família de assassinos durante uma viagem de férias. Mais um clássico do slasher, “O massacre da serra elétrica” teve quatro sequências, uma delas em 3D, e um remake, lançado em 2003, que ganhou sua própria continuação três anos depois.

Carrie

CARRIE, A ESTRANHA

Carrie, EUA, 1976
De Brian De Palma
Com Sissy Spacek, Piper Laurie, Amy Irving
Baseado no romance homônimo de Stephen King

O principal escritor de horror contemporâneo assina o livro que deu origem a este filme sobre uma adolescente tímida e solitária que descobre ter poderes telecinéticos. Excluída pelos colegas de escola e abusada pela mãe fanática religiosa, Carrie White despertou medo nos corações e mentes dos cinéfilos dos anos 70. O filme recebeu duas indicações ao Oscar, ambas em categorias de atuação: Sissy Spacek quase levou a láurea de Melhor Atriz pelo papel-título, enquanto Piper Laurie chegou perto de ser a Coadjuvante do ano por sua interpretação da Sra. White. O filme ganhou uma sequência em 1999, que fracassou nas críticas e nas bilheterias. Um remake está para ser lançado no Brasil, com Chloe Moretz como Carrie e Julianne Moore como sua mãe.

Meninos

OS MENINOS

¿Quién puede matar a un niño?, Espanha, 1976
De Narciso Ibáñez Serrador
Com Lewis Fiander, Prunella Ransome
Baseado no romance “El juego”, de Juan José Plans

• Festival do Cinema Fantástico de Avoriaz 77 – Prêmio da Crítica

Depois de um documentário introdutório que fala de atrocidades cometidas contra crianças em todo o mundo, começa a parte ficcional do filme, quando um casal de turistas ingleses chega a uma ilha isolada, fugindo de um balneário lotado. Já de início, o olhar sinistro dos meninos que os recebem dá o tom do que vem a seguir. Assim como em “Os pássaros”, de Hitchcock, não há nada que explique as mudanças no comportamento das crianças e o fato de matarem os adultos. Silêncios, olhares aterradores e situações extremas criam uma atmosfera única, mas tanta competência teve um preço: o filme foi censurado em diversos países, sofrendo muitos cortes ou mesmo sendo proibido. Ainda que “Os meninos” seja bem menos conhecido que “Colheita maldita”, é considerado muito mais incômodo e relevante, tendo suscitado teorias que vão da psicanálise à antropologia.

Profecia

A PROFECIA

The omen, EUA/Reino Unido, 1976
De Richard Donner
Com Gregory Peck, Lee Remick, Harvey Stephens
Baseado no romance homônimo de David Seltzer

• Oscar 77 – Melhor Trilha Sonora (Jerry Goldsmith)

Pai de natimorto substitui o filho por outro bebê, desconhecendo as origens satânicas da criança. Com o passar dos anos, mortes estranhas começam a acontecer e o homem percebe que seu filho é o Anticristo. Para além de suas qualidades, o filme ganhou a fama de maldito e ficou marcado por uma série de fatos envolvendo equipe e elenco: aviões em que se encontravam o escritor David Seltzer e o ator Gregory Peck foram atingidos por raios; um hotel onde estava o diretor, Richard Donner, sofreu um atentado à bomba pelo IRA; Gregory Peck cancelou uma viagem a Israel, e o avião que tomaria se acidentou, matando todos a bordo; um funcionário do safári onde realizou-se uma cena foi atacado e morto por um leão no dia seguinte às filmagens; e cães Rottweiler escalados para o filme atacaram seus treinadores. “A profecia” teve duas sequências, em 78 e 81, e uma refilmagem, lançada em 6/6/2006, mas nenhuma chegou perto do sucesso do primeiro.

Suspiria

SUSPIRIA

Suspiria, Itália, 1977
De Dario Argento
Com Jessica Harper, Stefania Casini, Alida Valli, Miguel Bosè

Suzy, uma jovem americana, chega a Fribourg para estudar em uma academia de dança de prestígio. A atmosfera do lugar, estranho e perturbador, acaba surpreendendo a garota. Quando uma estudante é assassinada, Suzy entra em estado de choque. O ambiente fica ainda pior quando o pianista cego da academia morre atacado por seu próprio cão e a jovem descobre que o local já foi a casa de uma bruxa conhecida como a Mãe dos Suspiros. Cores, sonoridade e experimentação são a tônica do filme: a estética suplanta a fragilidade do roteiro e faz de “Suspiria” um cultuado espetáculo visual. Hollywood vem tentando realizar uma nova versão (chegou a anunciar um remake com Natalie Portman e outro com Isabelle Fuhrman), mas as últimas notícias apontam para o cancelamento do projeto.

Halloween

HALLOWEEN – A NOITE DO TERROR

Halloween, EUA, 1978
De John Carpenter
Com Jamie Lee Curtis, Donald Pleasant, Nancy Kyes

Institucionalizado desde a infância pelo assassinato da própria irmã, o psicopata Michael Myers escapa do hospital psiquiátrico na noite de Halloween. Suas novas vítimas são as jovens babás da vizinhança em que morava quando era pequeno. O filme foi o primeiro de uma das principais franquias do slasher, o subgênero do horror que conta histórias de serial killers repletas de sangue e tripas. Ao todo, a franquia “Halloween” conta com sete sequências ao filme de Carpenter e um remake, dirigido pelo cineasta e músico Rob Zombie e lançado em 2007, que também ganhou uma continuação própria.

Iluminado

O ILUMINADO

The shining, Reino Unido/EUA, 1980
De Stanley Kubrick
Com Jack Nicholson, Shelley Duvall, Danny Lloyd
Baseado no romance homônimo de Stephen King

O aspirante a romancista Jack Torrance se muda para um luxuoso hotel com sua esposa, Wendy, e seu filho, Danny, um garoto com habilidades paranormais. Jack é o mais novo zelador do lugar, que permanece fechado durante o rigoroso inverno que torna quase impossível entrar e sair da região. Sem saber, porém, a família divide o espaço com uma terrível força, que pouco a pouco leva Jack à insanidade. “O Iluminado” rendeu a Kubrick uma série de polêmicas com o autor de sua matéria-prima: assim como o escritor Arthur C. Clarke, de “2001 – Uma odisseia no espaço”, Stephen King não gostou nem um pouco das alterações feitas na trama original de seu romance. Mas o filme de Kubrick ganhou uma aura completamente independente e se tornou figurinha fácil em listas de melhores filmes de todos os tempos, mesmo tendo sido indicado ao Framboesa de Ouro de 81. Ano passado, foi lançado nos Estados Unidos o documentário “Room 237”, que faz uma investigação sobre as inúmeras metáforas e subtramas que os fãs do filme atribuem a Kubrick.

Sexta-feira 13

SEXTA-FEIRA 13

Friday the 13th, EUA, 1980
De Sean S. Cunningham
Com Betsy Palmer, Adrienne King, Jeaninne Taylor

Apesar de ter sido indicado ao Framboesa de Ouro de Pior Filme em 1981, “Sexta-feira 13” marcou presença na lista de principais filmes de horror da história do cinema. O motivo principal é seu vilão, o assassino Jason Vorhees, que, assim como Krueger, volta do além para aterrorizar suas vítimas. Agora, é a vez de jovens monitores de um acampamento de verão. Apesar de sequer dar as caras no primeiro filme, Jason e sua infalível máscara de hóquei entraram para o imaginário popular com as sequências lançadas a partir de 1981, apenas um ano depois do original. No total, foram dez continuações, além de um remake de 2009. Entre os filmes que trazem Jason na lista de personagens, está o farofa “Freddy vs. Jason”, que coloca Vorhees em uma disputa com o assassino de “A hora do pesadelo”.

Poltergeist

POLTERGEIST – O FENÔMENO

Poltergeist, EUA, 1982
De Tobe Hooper
Com JoBeth Williams, Heather O’Rourke, Craig T. Nelson

• BAFTA 83 – Melhores Efeitos Especiais
• Academia de Filmes de Ficção-Científica, Fantasia e Horror 83 – Melhor Filme de Horror, Atriz Coadjuvante (Zelda Rubinstein) e Maquiagem

A casa de Steve e Diane Freeling começa a ser ameaçada por estranhos fenômenos sobrenaturais. Aos poucos, se torna claro que o foco dos fantasmas é Carol-Anne, a filha mais nova do casal. O filme teve duas sequências que falharam em repetir o sucesso de público e crítica do original. Um remake foi anunciado em junho de 2013 pela MGM, em parceria com a 20th Century Fox.

Colheita Maldita

COLHEITA MALDITA

Children of the corn, EUA, 1984
De Fritz Kiersch
Com Peter Horton, Linda Hamilton, R.G. Armstrong
Baseado no conto de Stephen King

Em uma cidadezinha rural no estado de Nebraska, uma entidade sobrenatural faz com que as crianças matem todos os adultos. A chacina supostamente serviria a uma boa colheita. Neste cenário de horror, um jovem casal de passagem pelo povoado precisa garantir sua sobrevivência. Uma das muitas versões de obras do mestre do horror Stephen King, “Colheita maldita” é também uma das mais populares, com frequentes referências em filmes, seriados, desenhos animados e elementos da cultura pop em geral, além de oito sequências que não tiveram o mesmo sucesso do original.

Hora do pesadelo

A HORA DO PESADELO

A nightmare on Elm Street, EUA, 1984
De Wes Craven
Com Robert Englund, Johnny Depp, Heather Lagenkamp

Considerado um dos mestres do cinema de horror contemporâneo, Wes Craven apresenta, em “A hora do pesadelo”, um dos monstros mais marcantes dos últimos tempos: o psicopata Freddy Krueger, um assassino de crianças morto anos antes que usa os sonhos de suas vítimas para atacá-las do além. Por mais estranho que seja, Craven teve uma história real como fonte de sua inspiração: na década de 70, refugiados cambojanos nos Estados Unidos sofriam de terríveis pesadelos causados pela guerra e se recusavam a dormir. Quando finalmente conseguiram pegar no sono, a maior parte deles morreu. Como de praxe em filmes slasher, “A hora do pesadelo” rendeu um grande número de sequências e remakes, contabilizando um total de nove produções, entre as quais, um crossover com a franquia “Sexta-feira 13”.

Panico

PÂNICO

Scream, EUA, 1996
De Wes Craven
Com Neve Campbell, Courtney Cox, David Arquette

• Academia de Filmes de Ficção-Científica, Fantasia e Horror 97 – Melhor Filme de Horror, Atriz (Neve Campbell) e Roteiro (Kevin Williamson)

Em uma cidadezinha americana, um misterioso assassino mascarado ataca adolescentes de uma maneira bastante específica: depois de ligar para suas casas e perguntar se gostam de filmes de terror, o psicopata aparece dentro da casa de suas vítimas. Órfã depois de perder a mãe, alguns anos antes, em um outro assassinato, Sidney Prescott e seus colegas de escola se veem diante de um filme de terror na vida real. Repleto de metalinguagem, “Pânico” rendeu mais três filmes até hoje. Porém, o primeiro capítulo da franquia permanece o melhor de todos e um dos mais divertidos slasher da história do gênero.

Chamado

O CHAMADO

Ringu, Japão, 1998
De Hideo Nakata
Com Nanako Matsushima, Miki Nakatani, Yuko Takeuchi

Uma fita de vídeo enigmática mata todos aqueles que a assistem depois de sete dias. O mistério chama a atenção da jornalista Reiko, que se interessa pela história da fita e se envolve ainda mais com o caso depois de descobrir que seu filho pequeno também está amaldiçoado. O filme é a maior bilheteria do gênero no Japão. O sucesso lhe rendeu duas sequências e um prequel, além de dois remakes, um coreano e outro americano, com Naomi Watts no papel de Reiko. A versão americana pode ser considerada por muitos inferior à japonesa, mas tem seus defensores e o grande mérito de imortalizar a personagem Samara (quem se lembra do nome da versão japonesa?).

Bruxa de Blair

A BRUXA DE BLAIR

The Blair Witch project, EUA, 1999
De Daniel Myrick, Eduardo Sánchez
Com Heather Donahue, Michael C. Williams, Joshua Leonard

• Festival de Cannes 99 – Prêmio da juventude de melhor filme estrangeiro

Três estudantes viajam para uma cidadezinha interiorana para rodar um documentário sobre uma lenda local, a bruxa de Blair. Acampado na mata, o trio se vê cercado de misteriosos acontecimentos e, eventualmente, desaparece, deixando para trás apenas o material das filmagens. Vendido como história real, o filme teve um orçamento de menos de US$ 1 milhão e arrecadou quase US$ 250 milhões nas bilheterias do mundo inteiro. O filme também foi aclamado pela crítica da época, apesar de ter chegado a receber duas indicações para o Framboesa de Ouro de 1999. Independente do clima “ame ou odeie” que o cerca, o fato é que “A bruxa de Blair” definiu grande parte da estética do horror contemporâneo com seu visual amador, abrindo caminho para sucessos de público como “Cloverfield – Monstro” e “Atividade paranormal”. Uma sequência, “A bruxa de Blair 2 – O livro das sombras”, foi lançada no ano seguinte, desviando da ideia original do primeiro filme e decepcionando fãs e críticos. Um terceiro filme chegou a ser planejado, mas nunca saiu do papel.

Outros

OS OUTROS

The others, EUA/Esp/Fra/Ita, 2001
De Alejandro Amenábar
Com Nicole Kidman, Fionnula Flanagan, Alakina Mann

• Academia de Filmes de Ficção-Científica, Fantasia e Horror 2002 – Melhor Filme de Horror, Atriz e Atriz Coadjuvante (Fionnula Flanagan)

Grace vive com um casal de filhos em uma mansão isolada na ilha de Jersey, enquanto espera que seu marido regresse da guerra. Como as crianças sofrem de uma estranha doença que os impede de receber diretamente a luz do sol, portas e cortinas estão sempre fechadas. Quando eles contratam novos empregados para a casa, uma vez que os anteriores abandonaram o emprego, coisas estranhas começam a acontecer e Grace passa a acreditar que o lugar é assombrado. Apesar de recente, o filme já pode ser considerado um clássico. Com roteiro, atuações, direção e fotografia perfeitos, foi um estrondoso sucesso de público e crítica, tendo feito no Brasil mais de um milhão e setecentos mil espectadores.

[REC]

[REC]

[REC], Espanha, 2007
De Jaume Balagueró, Paco Plaza
Com Manuela Velasco, Ferran Terraza, Jorge-Yamam Serrano

• Goya 2008 – Melhor Atriz Revelação (Manuela Velasco) e Edição

Uma equipe de televisão acompanha a rotina de uma divisão do corpo de bombeiros durante a madrugada. O único chamado é o de moradores de um edifício preocupados com uma vizinha de idade que caiu em seu apartamento. O que parece um problema simples de resolver se torna um pesadelo quando os bombeiros descobrem a moradora transformada em uma espécie de monstro e o prédio é lacrado pelo governo. O filme ganhou um remake americano batizado de “Quarentena” e duas sequências que falharam em captar a atmosfera aterrorizante do original. Uma nova continuação está prevista para ser lançada em 2014.

Invocacao do Mal

INVOCAÇÃO DO MAL

The conjuring, EUA, 2013
De James Wan
Com Lili Taylor, Vera Farmiga, Patrick Wilson, Ron Livingston

Baseado em fatos reais, ocorridos em 1971, o filme é centrado em dois demonologistas mundialmente conhecidos, convocados para investigar fenômenos sobrenaturais que assombram a família Perron, formada por Carolyn, Roger e suas cinco filhas. Eles se mudam para um casarão que tem mais de 150 anos e coisas muito estranhas começam a acontecer. As pesquisas dos investigadores paranormais levam ao passado e revelam uma entidade demoníaca que quer continuar sua trajetória de maldades. Num momento em que o gênero anda em baixa, com roteiros ridículos como os de “A mulher de preto” e “Mama”, “Invocação do Mal” é um alento. Ainda que não fuja de certos clichês, tem uma direção precisa, excelentes atuações, ótima trilha sonora, a garantia de muita tensão, medo e os inevitáveis sustos.

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